segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Controle suas emoções: Use Stops!

Os traders internacionais de futuros, e de derivativos em geral, têm a mania de citar adágios. Para cada situação de mercado, há sempre alguém que surge com uma máxima. Entre as muitas citações das quais os profissionais se valem a todo momento, a que, em minha opinião, encerra mais sabedoria é: “Cut your losses, let your profits run”. Numa tradução livre, algo como: “Livre-se de seus prejuízos, mantenha suas posições lucrativas”. Melhor dizendo, se o mercado corre no sentido contrário ao de sua posição, pule fora. Mas, se vai na mesma direção, se abrace ao seu trade, grude-se nele como um marisco num rochedo.
Pois é, prezado trader leitor, seja touro na alta e urso na baixa. Só que o dictum, embora fácil de se recitar, é difícil de se cumprir. Exige muita disciplina.
Indo por partes, imaginemos um trader decidindo uma posição totalmente ao acaso, de maneira displicente, jogando uma moedinha para cima. Mesmo assim ele, é obvio, terá 50% de chances de acertar a tendência. Isso mesmo. Cinqüenta por cento. Quer tentar? Escolha você o mercado e jogue a moeda. Se der cara, você compra, vira touro. Se der coroa, vende, torna-se um urso. Como o mercado vai ter de se mover para algum lugar, apesar da atitude aparentemente pouco séria, suas chances de ganhar serão rigorosamente iguais às de perder.
É verdade que você irá pagar corretagens, emolumentos e, muito provavelmente, terá seu preço onerado por slippage(nome que se dá ao spread entre os preços oferecidos pelos compradores e os apregoados pelos vendedores), pois geralmente se compra um pouco mais caro e se vende um pouco mais barato do que o preço que se vê na hora da decisão.
Mesmo assim o ônus é coisa pouca. E, afinal de contas, você não é operador de moedinhas. Isso foi só um exemplo. Você entende de mercado. É sua profissão. E esse conhecimento é, no mínimo, suficiente para que possa superar a desvantagem dessas taxas e spreads.
Então, se a coisa é tão simples, por que será que às vezes torna-se tão difícil ganhar dinheiro no mercado? Se apenas na base da sorte já daria para empatar. Por que será que se precisa de estudo, experiência, perseverança, de dedicação em tempo integral?
Simples. Porque o próprio mercado nos induz ao erro. Dá sinais de que vai subir, e cai. Finge que sobe e leva um tombo. Pois ele não é feito apenas de conhecimento. Não se trata de uma ciência exata. É muito mais uma arte. Seu comportamento é regulado por emoções: ganância, medo, inveja, tentação, precipitação… Dominar esses sentimentos é o segredo de um trader bem sucedido.
Existe um outro ditado que, com outras palavras, tem o mesmo significado. Também mostra que controlar as emoções é o segredo do ofício. Refiro-me a “Don’t fall in love with your position” (“não se apaixone por sua posição”). Pois boa parte dos operadores, ao assumir um trade, se enamora dele. Os touros, via de regra, tornam-se vidrados na alta. Os ursos, na baixa. E teimosamente se mantêm na arena mesmo quando as chances de vitória só mínimas, para não dizer nenhumas.
Com os chifres quebrados, os músculos dilacerados, o touro fica esperando o urso fugir. Com as vísceras à mostra, devido a uma chifrada bem dada pelo inimigo, o urso, embora cambaleante, recusa-se a cair. Prefere sofrer seu martírio de pé. Com o perdão pelas metáforas sanguinolentas, é mais ou menos isso que acontece com a gente quando não usastop. Quando não se pula fora de uma posição que correu para o lado errado.
Sim. Nenhuma dessas desgraças ocorrerá se o trader usar sempre um stop. Se obedecer aos ditames dos dois adágios acima. Pulando fora ao primeiro prejuízo. Não se apaixonando por uma posição perdedora. E eis que me ocorre um terceiro ditado, este brasileiríssimo, e igualmente sábio: “o primeiro prejuízo é o menor”.
Batendo sempre na mesma tecla, imaginemos um método audaz (e não muito imaginoso) para se atuar no mercado. Algo como: toda vez que determinado futuro fizer um novo low (do dia, da semana, do mês, do ano, ou de todos os tempos, não importa), fica-se short. Se fizer um novo high, fica-se long. Põe-se um stop logo acima do preço de venda (no caso do urso) ou logo abaixo do preço de compra (no do touro). Podemos imediatamente inferir que muito não se irá perder. Pois ostop é curtinho, quase cirúrgico.
Mas se o mercado disparar na direção certa, iniciando um longo movimento de alta ou de baixa, que sempre começa com um novo high, ou novo low, essa operação, baseada em técnica tão simples, poderá ser o trade de sua vida. Já imaginou quem comprou ações da Microsoft nos primeiros anos da empresa, num dia em que a ação fez seu primeiro highsignificativo? Durante anos e anos esse felizardo pôde surfar na onda de novos e sucessivos highs.
Erro tão imperdoável quanto o de não ter stop é liquidar a posição prematuramente, por medo. Medo de perder o que se ganhou. Desobedecendo a segunda parte do ditado: …let your profits run. E obedecendo a um outro dictum, tão errado quanto estranho: “Lucro nunca dá prejuízo a ninguém”. Se tivesse pensado assim, Bill Gates poderia ter posto à venda sua empresa quando ganhou o primeiro bilhão.
Juntando as duas coisas, ausência de stop, e falta de perseverança no lucro, temos o exemplar típico do trader “pé trocado”, ou seja, aquele que é corajoso no prejuízo e covarde no lucro. Segura uma posição perdedora por meses a fio. Sai fora de trade vencedor no primeiro ajuste positivo.
Para não incorrer nesses erros, sugiro a você, prezado trader, que mande fazer uma plaquinha com os dizeres “Cut your losses, let your profits run” (nunca é demais repetir). Coloque-a bem à sua frente na mesa de trabalho. E nunca deixe de obedecer ao ditado, não importa o quão desgastante isso possa ser (entrar e sair, entrar e sair, até acertar).
Esse conceito de stops é tão importante que, hoje em dia, rege não só o mercado como o mundo de negócios em geral.
Há algum tempo, em entrevista à revista Veja, o brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan, considerado por muitos como o mais brilhante executivo do mundo, revelou como transformara um prejuízo de US$5,5 bilhões (balanço anual encerrado em maio de 2000) num lucro de US$2,7 bilhões (maio de 2001).
- Fechei as unidades deficitárias e mantive as produtivas – explicou singelamente.
Ou seja, Ghosn (agora celebrado como um ícone no Japão, mesmo tendo demitido 21.000 empregados da empresa que dirige) simplesmente livrou-se dos prejuízos e manteve as posições lucrativas. Soube fazer stops. E, embora ele não tenha dito isso, tenho certeza de que em sua mesa há a tal plaquinha: “Cut your losses…”
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
” Só os Traders Profissionais cortam seus prejuízos, sem medo ou hesitações quando o mercado mostra que a operação está errada. E só os Traders Profissionais zeram sua posição, para realizar os lucros,  de forma organizada e sistemática quando o mercado vai na direção do seu trade. Como comentado no artigo “Armadilhas”: Não predefinir o seu risco, não corte suas perdas, ou não realizar lucros, são três mais comuns e geralmente os mais caros erros que o trader pode fazer. Apenas os melhores eliminaram esses erros. ] “

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