quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ata do Fed - Primeiro Sinal de Alerta!!

 Nos últimos meses todos os mercados ao redor do mundo ficam extremamente atentos à ata do FOMC - A reunião do comite do Banco Central Americano.  Hoje foi um dia destes. E parece que o primeiro sinal de alerta para o que pode vir pela frente no nosso mercado foi dado hoje.
As ações recuaram logo apó o FED confirmar que vai encerrar o programa de compra de ativos em meio a sinais de fortalecimento da economia Americana. O SP500 caiu 0,8% após o anúncio e as notas do Tesouro Americano de 10 anos ( titulos públicos) aumentaram 3 pontos base  para 2,32 %. Ao mesmo tempo o ïndice Dólar no mercado americano saltou 0,6% zerando perdas anteriores.   O Fed manteve o compromisso de manter as taxas de juros baixas por um "tempo considerável". A decisão do Fed é uma indicação forte de que a economia americana continua a mover-se em um ritmo robusto. 
"O programa de liquidez iniciado pelo Fed na crise do sub-prime , tem sido um importante estimulo para o mercado, e os investidores terão agora de se ajustar ao novo ambiente"  foi o que afirmou Chad Morganlander , executivo da filial de St Louis da Stifel Nicolaus & Co , que tem mais de U$ 160 Bi em ativos gerenciados fora dos EUA.
E o que isso significa para nós, brasileiros?
Bom hoje foi claro a mudança de tendência no dólar a partir do momento da divulgação deste relatório saindo de quse 1,50% de queda para fechar praticamente no zero a zero, a bolsa por sua vez depois de forte alta ontem fechou em queda de -2,45%.
A cada sinalização do Fed de que poderá iniciar a retirada da liquidez dos mercados, é esse o movimento que podemos esperar. A partir do momento que a taxa de juros americana aumentar o mais provavel é que vejamos uma saída expressiva de dólares do nosso mercado rumo aos Estados Unidos o que certamente vai pressionar as cotações do dólar e das nossas taxas de juros. Sem dúvida todos estarão atentos às próximas reuniões. 

























baseado em reportagem da Bloomberg : http://www.bloomberg.com/news/2014-10-28/u-s-futures-slip-before-fed-as-n-z-stocks-rise-with-oil.html

Um Trader Inesquecível

A morte do banqueiro Edmond Safra, ocorrida no final do ano passado (1999), trouxe-me recordações que remontam aos meus primeiros anos de mercado financeiro. Hoje, ao compartilhar essas lembranças com os leitores desta coluna, faço dela minha homenagem ao notável homem que se foi. A um trader inesquecível.
Em 1966 eu era estudante da New York University, cumprindo um curso especial de Mercado de Capitais, na Graduate School of Business Administration. Quase ao final do ano, o orientador de nossa turma determinou que cada estudante escolhesse uma instituição financeira e entrevistasse um dos seus principais executivos.
Para minha grande sorte, escolhi o Republic National Bank of New York, não por se tratar de uma instituição importante (o banco fora fundado naquele ano) mas porque o então Ministro do Planejamento, Roberto Campos, era amigo de Edmond Safra, proprietário do banco (um judeu sefardita que iniciara no Brasil sua trajetória de negócios bancários, em 1956). E eu tinha um bom contato com o ministro Campos, já que meu pai era secretário-geral de seu ministério.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O gráfico mais importante do mundo - Os mercados baixistas não acontecem por acaso.

Quando o economista chefe da Gluskin Sheff uma grande Asset Canadense , foi perguntado sobre a possibilidade de um Bear Market para os próximos meses no mercado americano , a resposta dele foi exatamente essa , "Os mercados baixistas não acontecem por acaso , eles são gerados por dois fatores , aperto monetário e ações do Fed - O banco central americano".  Neste artigo ele fala brevemente destes dois fatores e mostra qual ele considera ser o gráfico mais importante do mundo.  
Vale a pena ler e analisar.

O pescador de Lagostas

Por: Ivan Sant´Anna 

Imaginemos um pescador de lagostas. Não desses tradicionais, de barcos lagosteiros ou de jangadas. Não. Nsso pescador é low profile. Mora próximo de uma ponte que atravessa um braço de mar. Braço que, para sorte de nosso herói, é rota de lagostas migratórias.


     Pois bem, o pescador desta historinha limita-se a, do alto da ponte, fazer descer e subir, presa numa corda, uma gaiola, em cujo interior um pedaço de carne serve de isca. Como a água é cristalina, da ponte ele pode observar a movimentação das lagostas. Das quatro faces laterais da gaiola, uma delas é móvel. Pode ser levantada, pelo pescador lá de cima, que, para puxá-la, usa uma segunda cordinha, permitindo assim a entrada das lagostas. Infelizmente, quando essa face móvel está levantada, as lagostas que já estão dentro da gaiola podem sair também.

     Certa tardinha, ao chegar na ponte, o pescador observa, excitado, que uma fileira indiana de lagostas graúdas está cruzando o braço de mar. Se você, leitor, não sabe, é bom avisa-lo de que lagostas são desconfiadíssimas.

     Mesmo tendo baixado a gaiola bem devagar, e com muito cuidado, assim que o objeto estranho chega ao mar, desmancha-se a procissão, instaura-se o pânico e não fica uma lagosta sequer debaixo da ponte. Mas o pescador não se surpreende. Já contava com a debandada, que sempre acontece. Resta-lhe agora deixar a gaiola quietinha, pousada no fundo arenoso. Logo o fluxo de lagostas se restabelecerá. E agora elas terão de passar ao lado de um suculento pedaço de carne. Ele puxa a cordinha menor e um dos lados da gaiola sobe. E passa a aguardar.

     Vinte minutos depois, reinicia-se a migração. E logo uma das lagostas interrompe sua marcha e, não sem antes dar algumas olhadas suspeitosas para os lados, entra na gaiola. Segue-se outra, mais outra e ainda uma outra. De vez em quando, alguma sai. Mas a tendência continua de alta e o número vai aumentando. Lá de cima, o pescador comemora cada lagosta que entra, lamenta cada uma que sai. Então resolve fixar uma meta aleatória: 20. Vinte lagostas. Quando 20 lagostas estiverem dentro da gaiola, ele, com uma largada rápida, baixará o alçapão e dará por encerrada a pescaria.

     Embora oscile bastante, o "mercado" é nitidamente de alta: 13 lagostas, 14, 15, 13, 16, 17, queda rápida para 14 (realização de lucros) e, logo, novo high: 18 lagostas. Então começa a cair: 17, 15, 13, 9 lagostas. Recriminando-se por ter sido tão ganancioso, nosso trader, ooops, nosso pescador baixa a meta para 18. Com 18 lagostas, alçapão para baixo, lucro no bolso. Mas, para seu desespero, saem quatro de uma vez. São agora apenas cinco. Sim, cinco míseras lagostas, isso para quem já teve 18. Mas o mercado melhora, e, num piscar de olhos, o estoque dobra para oito. E o pescador baixa sua meta de 18 para 16. Dezesseis que, infelizmente, não se materializam. Pior, a noite está chegando; a isca, acabando. Arrasado, o pescador sobe a gaiola com quatro lagostas. Quatro, não. Três. Pois baixou o alçapão devagar demais e uma delas conseguiu escapulir.

     Por que será que ele fixou como meta 20 lagostas ? Esse número tem algo a ver com o fluxo migratório sob a ponte ? Com o espaço da gaiola ? Com o tamanho da isca ? Com alguma série histórica ? Não. Nada disso. Vinte era apenas um número redondo, sem nenhuma base técnica ou fundamental. Vinte era apenas o mercado "dele", não o de lagostas.

     Quantas vezes, eu e você, caro trade leitor, fazemos isso. Fixamos metas sem sentido, e baseadas apenas em números redondos, para o nosso trade, do tipo "zerar o short de dólares quando chegar a dois", "vender Ibovespa quando bater 35.000". E o 18, do pescador, era mais burro ainda. Pois, se o mercado voltasse a 18, era melhor pôr um stop a 16 do que liquidar num high passado, o que nada tem a ver com eventual high futuro.

     Um dos maiores erros de um trader é se basear no "seu mercado", como se este tivesse alguma importância. E é evidente que não tem. Importante é a resultante dos erros, dos acertos, dos equilíbrios, dos desequilíbrios, da coragem, do medo, da ganância, de todos os touros e ursos envolvidos na luta. O mercado é a soma de tudo isso, lição que as cotações nos ensinam todos os dias.

     O mercado, acho que já falei sobre isso, é como um concurso de misse. Não tem a menor importância aquela que achamos mais bonita ou mais gost... ou mais curvilínea. O que vale é a candidata que a maioria dos jurados prefere. Pois é esta última que irá ganhar. O mercado é um campeonato de pontos corridos, e não um torneio mata-mata. É preciso administrá-lo, a cada rodada, a cada feito, e a cada gol do adversário, a cada nuança de um jogo. O ponto de compra de um touro é o preço daquele momento. O preço de venda de um urso é a cotação que está lá na tela. É em cada um desses momentos que um trade deve ser avaliado. E não post mortem. Somos traders de futuros ou, no máximo, de presente, jamais de passado. Este só nos deve ensinar a não repetir os mesmos erros.

(Fonte: Resenha BM&F, n 165)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Jogo de Palavras

De alguns anos para cá o Federal Open Market Committee (FOMC) do FED passou a usar a figura do bias (tendência, propensão, predisposição), quando decide expressar-se sobre taxas de juros. E o Banco Central do Brasil traduziu – de maneira também correta, saliente-se en passant – a expressão para viés. Desde a crise cambial do ano passado, o BC passou a usar o instrumento (viés) com o mesmo objetivo do FED, ou seja, o de fazer política mone-tária com palavras. Que é uma maneira não raro mais eficiente, quase sempre menos arriscada e, sem sombra de dúvidas, muito mais elegante do que fazê com números.
As autoridades monetárias usam o bias (ou viés) como se disses-sem: “não elevei (ou não reduzi) as taxas de juros porque não quis, mas vou elevá-las (ou reduzi-las) quando bem entender, sem prévia satisfação”. Algo como um árbitro de futebol que, para acalmar os ânimos exaltados dos atletas, em vez de sacar o cartão vermelho, ou mesmo o amarelo, chama ao centro do gramado ambos os capitães e lhes faz uma advertência: “Escutem aqui, vocês dois, avisem aos seus jogadores que, o primeiro que der um pontapé, eu vou mandar pro chuveiro.”. Como poderia dizer, se quisesse ser mais elegante (coisa que, diga-se a bem da exatidão, em futebol, definitivamente não daria certo): “Meu viés agora é o de expulsão.”
Quem conhece futebol, ou mercado de capitais, sabe que as pala-vras têm o mesmo efeito inibidor, para não dizer coercitivo, que os atos, se pronunciadas na hora e na dosagem certa.
Quando o chairman do FED, Alan Greenspan, sobe a Colina do Capitólio e diz, num depoimento formal à Comissão de Economia do Senado, que o mercado de ações está passando por uma fase de “exuberância irracional” ele quis dizer: “Escutem aqui, vocês (não vocês, senadores, é óbvio, mas vocês, yuppies de Wall Street – que por sinal acompanham os depoimentos do chairman como se fossem thrillers de Alfred Hitchcock), se o Nasdaq ou o Dow fizerem um novo high, eu descarrilo o trem da alegria.”
Na Europa e no Japão ocorre a mesma coisa.
Antes do advento do Euro, por exemplo, na época em que o Bundesbank dava as cartas na política monetária alemã (coisa que, em termos práticos, significava dar as cartas na política monetária de toda a Europa Ocidental), alguns dias antes dos encontros bimestrais do board do banco a imprensa era informada se haveria ou não um press release após a reunião. O mercado sabia que, se houvesse o release, era sinal de que as taxas de juros poderiam ser alteradas. Se não houvesse, isso significava que uma mudança (nas taxas) estava fora de questão.
Poucas não foram as vezes em que o Bundesbank limitou-se a usar o anúncio do press release para fazer política monetária, para debelar tênues, e ainda embrionários, focos de inflação ou até mesmo para fazer sossegar um sindicato que ameaçava uma greve por aumento de salários (sim, o Bundesbank metia o bedelho em tudo que pudesse gerar inflação, inclusive nas negociações salariais entre patrões e empregados). O jogo de cena (a ameaça do sim, quem sabe, talvez, depende, pode ser) funcionava como o bias (viés) dos dias de hoje.
Autoridade monetária, sempre que pode, prefere palavras a atos.
Às vezes me descubro fazendo conjeturas sobre quanto tempo Gre-enspan rolou na cama, na noite anterior ao citado depoimento à Comissão de Economia, pensando no que iria dizer aos senadores (de olho em Wall Street), para deter a alta da bolsa. No quanto não deve ter estudado a combinação do substantivo “exuberância” com o adjetivo “irracional”. “Se dissesse “exagero imprudente”, o mercado poderia não se impressionar. Se usasse a expressão, digamos…, “loucura suicida”, teria apavorado Wall Street e, muito provavelmente, causado um crash. Não. Tinha mesmo de ser “exuberância irracional”. Era a dose certa. Donde se pode extrair a ilação de que a semântica é de capital importância nessas ocasiões.
Procure reparar, caro trader leitor, que, mesmo quando o FED decide passar das palavras à ação e aumentar os juros, os membros do FOMC se limitam a informar “Decidimos exercer ligeira pressão sobre as reservas”, o que todo mundo imediatamente traduz por “Decidimos elevar as taxas de juros em 0,25% ao ano”. Quando dizem “Decidimos exercer pressão sobre as reservas”, sem o “ligeira”, pode-se escrever que a alta dos juros será de 0,50%. Se um dia disserem “Decidimos pressionar drasticamente…”. Bem, esqueça, leitor, nem é bom pensar nisso.
Quando nos lembramos de que, não há muito tempo, política mone-tária, nesta sofrida Banda Sul, não raro significava expurgos, tablitas, e até confiscos, na há como não se louvar essa fase de vieses e alertas de intenções. De quem sabe, talvez, pode ser.
Não deve ser outra a razão pela qual o Brasil (depois que passou a respeitar sua moeda) vem atraindo tantos investimentos externos. Porque política (assim como autoridade) monetária é coisa muito séria. Mesmo quando seu executor se manifesta, quase que de mansinho, através de elaboradas filigranas lingüísticas e sobrepõe sutis palavras ao garrote dos números.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
“O mercado segue a máxima… “Sobe no boato e caí no fato”… As palavras tem o poder do fluxo principalmente quando proferida pela pessoa certa, na hora certa e tom certo… Conhecer os principais Banco Centrais e seus atuais presidentes se faz necessário uma vez que você pode ver uma notícia impactar drasticamente o mercado e não saber o porquê desse movimento. Algumas vezes essas notícias são inesperadas mas em sua maioria são esperadas por todo mercado.”

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

CPI, Trade Deficit, Unemployment… Qual é o número da moda?

Nos últimos anos, com a estabilidade monetária, e com a integração dos mercados brasileiros aos símiles da banda rica, nossos traders passaram a acompanhar, e recitar com intimidade, o rosário de estatísticas que Washington divulga, religiosamente, em dias e horas que se pode anotar na agenda com a antecedência que se quiser. O desemprego de dezembro de 2002? Pode anotar: sai na sexta-feira, dia 7 de fevereiro de 2003, às 8:30 da manhã, hora de Washington, 11:30 da manhã, hora de Brasília, se não anteciparem o fim do horário de verão. Pois aqui, nunca se sabe.
Bem, mas qual das estatísticas é a mais importante? A do desemprego? A do início de construção de casas? O índice de preços dos produtores? As vendas de automóveis?
É possível que seja o déficit da balança comercial – o certo seria dizer-se resultado, e não déficit, mas como nem eu nem ninguém se lembra de alguma época em que os Estados Unidos tiveram superávit (iriam colocar o superávit aonde?) a estatística é sempre citada como sendo déficit. Bem, não tergiversando, qual delas?
Varia. Varia de acordo com a época. E com a moda. Melhor dizendo: a época faz o número, e a moda o mantém por algum tempo. Até que surge uma outra época, novos fundamentos, e com eles um novo número, digamos, de estimação.
No período inflacionário dos anos setenta, época da cri-se energética, o mercado olhava quase que tão somente para o CPI (índice de preços ao consumidor) e PPI (índice de preços dos produtores), fortemente influenciados pela cotação ascendente do petróleo. Quando os números da inflação vinham acima do esperado, as ações e os títulos do Tesouro despencavam; os metais (ouro e prata eram a sensação daqueles tempos) e as commodities agrícolas subiam. Sucederam-se alguns bull markets memoráveis, e jamais repetidos na mesma intensidade, como o do açúcar (1974), do cacau (1977), da soja (1973), do café (1977) e, obviamente, do petróleo (em Roterdã, pois ainda não havia o futuro da Nymex), além dos já citados metais preciosos. Embora houvesse fundamentos de oferta e demanda sustentando cada um desses mercados, nos dias do CPI e do PPI é que eles se moviam para valer. Uma festa para os touros.
Quando assumiu o posto de chairman do Fed, em 1979, Paul Volcker, antecessor de Alan Greenspan, acabou com a farra do boi, estrangulando a base monetária e, com ela, a inflação. O mercado desviou suas atenções para os números do Money supply, divulgados (como são até hoje) às quintas-feiras, logo após o fechamento da Bolsa de Valores de Nova York.
Os traders passaram a se interessar por Money supply, M1, M2, essas coisas. Foi a bola da vez. A moda.
Inflação controlada, dinheiro escasso, juros reais al-tos, bolsas de valores em baixa, commodities no CTI. Iniciou-se o bull market do dólar, alimentado às quintas-feiras pelos números da base monetária, que os traders examinavam com lentes de microscópio.
Dólar alto, conseqüência: agravamento do déficit comer-cial (não nos esqueçamos que eles jamais têm superávit). E o mercado passou a ser a “loteria do déficit”, segundo palavras de um analista que, numa madrugada invernal de Chicago (devido ao fuso horário, o número sai às sete e meia da manhã no Meio-oeste) queixou-se a mim, roendo as unhas e rangendo os dentes, de que nada adiantava analisar os fundamentos de cada mercado, se tudo era resolvido no dia da divulgação da balança…, perdão, do déficit.
Veio o colapso do dólar; a balança melhorou. E o mercado a esqueceu por um bom tempo. Passou a cuidar de desemprego (que mais tarde tornou-se pleno emprego). Explicitando: passou a cuidar de Civilian Non Farm Payroll Jobs, palavrão divulgado nas manhãs das primeiras sextas-feiras de cada mês, e que, em português mais do que arrevesado, significa algo como “Empregos civis não agrícolas relacionados em folhas de pagamento”. Que tornou-se o número da moda do milagre americano.
Nestes tempos de globalização, onde da coxia se espreita um novo milênio, o mercado encontra-se em mutação. Tudo indica que vem moda por aí. Pode ser o retorno da loteria do déficit (que anda registrando novos recordes, em função da recessão asiática). Pode ser algo diferente. Pois os traders são dados a modismos, e o cardápio, farto: Housing Starts, Durable Goods Orders, Consumer Confidence, Building Permits, Retail Sales, etc, etc, etc, que Washington divulgará pelo novo milênio a dentro. Sempre no dia e hora aprazada.
Nós, ao sul do equador, enquanto partilhamos dos folgue-dos dos novos tempos, não devemos nos esquecer, batendo na madeira, que, durante décadas, tivemos apenas uma moda, um número, uma estatística, vestimos não mais que o abadá e os paetês da inflação. Obscenos em seu brilho traiçoeiro, mascarados em moedas de proveta, indexadores escamoteáveis, tablitas de ocasião…
Produção industrial, Empregos civis não agrícolas relacionados em folhas de pagamento (urgh!), Vendas a Varejo, Vendas de automóveis, Ordens de bens duráveis, Construção de imóveis, que venham as nossas modas…
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
“Muito nos perguntam: – Porque opera notícias?Nós operamos notícias pois partimos do pressuposto de que as variáveis que compõem o fluxo de ordem explicam preços. Os Indicadores Econômicos e os Breaking News tem potencial para gerar fluxo de ordens, sendo assim a liberação dessa notícia tem grandes possibilidades de volatilidade e dinheiro disponível para quem sabe operar no Day Trade. – Mas vocês interpretam as notícias ou o impacto nos fundamentos? Não interpretamos a notícia nós apenas reagimos ao fluxo de ordens gerado no momento.”

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Astuto Imbecille

Seria lógico definir os super traders como sendo aqueles que têm a todo momento opiniões próprias, sempre alicerçadas na mais profunda convicção. Por outro lado, operadores medianos (para não dizer ‘medíocres’) seriam os que seguem a opinião dos outros, apenas mais um búfalo da manada. Certo?
Errado. O verdadeiro trader é aquele que sabe não ser coerente, que muda de opinião, que descobre, cedo o bastante, que suas análises e estratégias estavam erradas.  Se errar é humano, e inevitável, no universo do mercado financeiro corrigir o erro, revertendo-o em acerto, é fundamental.
- Bem, reconheço que ontem à noite eu disse que o negócio era comprar mas, honestamente, acho que o mercado vai cair — admite o “espada”, simulando estar envergonhado. Isso, é lógico, após ter revertido sua posição. “Errei”, “mudei”, é o segredo do negócio. As simple as that!
Alguns livros de auto-ajuda e sites de bobagens que inundam a internet têm o hábito de afirmar que se você quer alguma coisa com enorme empenho e força de vontade ela inevitavelmente vai acontecer. “Pode ser”, eu desdenho, descrente. E pago pra ver. Ou, quem sabe, isso é verdade em algumas áreas de atividade. Mas, no nosso mercado, eu garanto: Em meio à dança das cotações, querer ou não querer, individualmente, não faz a menor diferença. O mercado obedece àquilo que a maioria quer ou pensa — e a maioria é movida por ambição e medo —, mesmo que o opositor dessa corrente ou tendência tenha a tenacidade de um triatleta. O mercado não é como um rio, que segue sempre na mesma direção. Muito menos como o mar, que vai e volta no ritmo da maré.
O mercado é rebelde, ingovernável, maquiavélico, cruel. É mais fácil prever os fatos observando o mercado, do que prever o mercado observando os fatos. Quando os preços não obedecem aos fundamentos, siga os preços. Estes, com raras exceções — o 11 de setembro é uma delas —, surgem à tona antes dos fatos.
Já que o assunto é cópia, despersonalização meritória, acho importante confessar que tirei o tema deste artigo ontem à tarde, quando eu voava entre Porto Alegre, onde fui fazer uma palestra, e o Rio de Janeiro, lendo A Consciência de Zeno (La coscienza di Zeno) do genial escritor italiano Italo Svevo (1861-1928).
No capitulo sete, intitulado História de uma sociedade comercial, Svevo assim descreve o personagem Guido:
O principal defeito de Guido era uma estranha avareza, ele que fora dos negócios se mostrava tão generoso. Quando um negócio se revelava bom, liquidava-o apressadamente, ávido de realizar o pequeno lucro daí provindo. Quando, ao contrario, se encontrava num negócio desfavorável, só decidia o momento de sair quando os efeitos já abalavam o seu patrimônio. Por isso creio que os seus prejuízos sempre foram relevantes e mínimos os seus lucros. As qualidades de um comerciante não são mais do que as conseqüências de todo o seu organismo, da ponta dos cabelos às unhas dos pés. A Guido se aplicaria perfeitamente uma expressão dos gregos: “astuto imbecil”. Verdadeiramente astuto, mas um autêntico palerma. - veramente astuto, ma anche veramente uno scimunito - Era cheio de umas astúcias que só serviam para lubrificar o plano inclinado sobre o qual deslizava cada vez mais para baixo.”
Italo Svevo não foi um qualquer. Basta dizer que seus textos eram lidos, e revisados, ainda em manuscrito, pelo irlandês James Joyce, por muitos considerados como o maior escritor de língua inglesa dos tempos modernos. Joyce ajudou Svevo a traduzir A Consciência de Zeno para o inglês e o francês.             Quem sabe algum trader do mercado americano de ações leu o livro, publicado em 1923, e, tirando lições — sobre o que não se deve fazer — do personagem Guido, usufruiu, como touro, a alta dos Anos Vinte e, depois, vestindo a pele do urso, surfou na gigantesca onda da baixa ao longo da Grande Depressão.
É bem possível que o ambiente no qual Svevo viveu o tenha ajudado a ver as coisas sempre com pluralidade. Trieste, por exemplo, sua cidade de nascimento e de criação, alternou-se politicamente, ora pertencendo ao Império Austro-húngaro, ora à Itália, ora sendo um estado autônomo. A mãe de Italo era judia. O pai, um comerciante de vidros cristão.
Depois de seguir, ao longo de 35 anos, os preceitos da religião judaica, Svevo se converteu ao catolicismo. Seu verdadeiro nome era Aron Hector Schmitz, que ele mudou para Ettore Schmitz, mas assinou seus livros com o pseudônimo de Italo Svevo.  Antes de ser escritor, ele trabalhou no mercado financeiro, como trader do Union Bank de Viena.
Dual, plural, advogado do diabo, espírito de porco, do contra, tudo isso um verdadeiro Trader, com “T” em caixa-alta, tem de ser. Por outro lado, jamais — e isso é uma das regras básicas de sucesso na profissão — poderá envolver-se emocionalmente com sua posição. Seu preço de compra, ou de venda, é aquele que o mercado exibe naquele momento. Seu objetivo, sair quando o mercado virou. Sempre e humildemente operando no rastro da manada.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
” Para sobreviver no mercado seguimos dois preceitos muito importantes: Adaptação e Correção de Erros. Quem não se adapta o mercado engole… Hoje seu trade está funcionando e amanhã não mais… O mercado está mudando muito rápido, está muito dinâmico… É preciso se reinventar todo dia… Porém a única forma de fazer isso é através da análise dos trades e da auto-análise… Foque nos trades bons e elimine os trades ruins… Não deixe o emocional impactar esses trades… Seja frio e calculista… Esse é o caminho da consistência… ”

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Asdrúbal, o "Pé Trocado"

– Como é que está o mercado?
– Ainda não está, Asdrúbal – respondeu Evandro, o operador de pregão. – A bolsa só abre daqui a um minuto.
– Ah, desculpe. É que eu fico louco pra que abra logo.
Asdrúbal fez questão de espreitar, segundo a segundo, a volta do ponteiro do relógio da sala de operações. Descarregou a impaciência enroscando e desenroscando alguns fios do cabelo, cacoete que tinha desde os tempos de criança.
Finalmente a voz metálica, e aparentemente desprovida de emoções, de Evandro emergiu da outra ponta da linha.
– Abriu, Asdrúbal, abriu.
– Abriu? Ah, que bom. E como é que abriu?
– Comprador a 1.120, vendedor a 1.140.
– Compra 20 lotes a 110.
– Eu disse 120 com 140. Se tem pagão a 20, como é que eu vou comprar a 10.
– Tá bom, Evandro. Vai a 20 – e, segundos depois: – Comprou? Comprou?
– Vinte e cinco com 35, Asdrúbal. É o mercado.
– Vai, vai a 25 – e logo quis saber: – Comprou? Comprou?
– Não. Negócios a 30. Negócios a 35. Tem pagão a 40. Comprador de 100 a 140.
– Vai a mercado, Evandro – a voz de Asdrúbal desandou, nervosa. Um observador atento nela detectaria o medo visceral que ele tinha de perder o mercado. De perder o bonde da História. Ou, não me deixando também levar pelo entusiasmo, de perder o bonde da historinha daquela prosaica manhã.
– Comprei 20 a 160 – informou o operador de pregão.
– Puxa, Evandro. – Asdrúbal acusou o golpe. – Você não disse que tinha pagão a 40.
– Pagão, Asdrúbal. Comprador. Vendedor só a 160. E agora só a 70. Sessenta e cinco com 70. É esse o mercado. Tem muito comprador na roda. O mercado vai subir.
Foi como se tivesse oferecido um copo de uísque a um alcoólatra.
– Compra 50 a 70. Não! Compra a mercado. Compra 50 a mercado. Compra 80, pra inteirar 100 lotes.
Seguiram-se alguns segundos, de tensa expectativa.
– Comprei 50 a 175 e mais 30 a 180.- Certo. Que alívio, amigão. Mas me dá o mercado.
– Asdrúbal levantou-se da cadeira. – Como é que está o mercado? – insistiu.
– Vendedor a 60. Vendedor de lote a 160. Negócios a 1.160. É esse o mercado.
– Mas você não disse… Evandro, você não disse que o mercado era comprador?
– Era, Asdrúbal, mas não é mais. Tem vendedor a 160, vendedor a 150. Tem um vendedor grande na roda. Negócios a 40, vendedor a 130, vendedor a 120, negócios a 110. Tá saindo a 1.100. O mercado vai desabar.
– Caramba, Evandro, eu comprei a…, deixe-me ver, comprei 20 a 60, 50 a 75 e 30 a 80. Estou comprado em 100 a 1.173 e meio. Como é que está o mercado?
– Vendedor de 500 lotes a 1.080. Eu não quero parecer alarmista. Mas acho que está acontecendo um crash.
– Vende 200 a 1.080.
– Mas, Asdrúbal, você só comprou 100 lotes.
– Eu sei, Evandro, quero vender em dobro. Quero ficar short em 100. Surfar na onda desse crash. Como é que está agora?
– Vendedor a 060. Mil e sessenta.
– Não disse, cara. Você está perdendo o mercado. Vai nos 60. Vende 200 a 060.
– Vendedor a 55.
– Vai a mercado, Evandro, vende 200 a mercado. Não! Vende 300. Vende 300 lotes a mercado.
O operador de pregão agiu rápido.
– Vendeu, Asdrúbal, vendeu tudo de uma tacada só. Vendeu 300 a 10.
– Trezentos a mil cento e dez? Parabéns, Vando, parabéns, meu chapa – quando ficava satisfeito com o operador, Asdrúbal o agraciava com o diminutivo carinhoso. – Legal, cara, parabéns – repetiu-se como um papagaio.
– Não, Asdrúbal. Mil e dez. E não mil cento e dez.
– Mas como, mil e dez? Tudo bem, Evandro. Entendi. O mercado está sofrendo um colapso. Ainda bem que estou short. Como é que ficou agora? Mas não faz suspense. Diz logo o mercado.
– Virou de novo. Tem comprador a 1.030. Comprador a 1.040. Pagão de lote a 1.050. Asdrúbal, tem um comprador gigante a 1.100. Acho que estamos no início de um bull market.
Naquela manhã, que de prosaica transformou-se em trágica, o mercado fez um novo high, a 1.190. E continuou subindo. Asdrúbal que, como vimos, acompanhara o ziguezague operando em zaguezigue teve de estopar sua posição. Era afobado, mas não louco.
E você, caro trader leitor, quantos Asdrúbals já conheceu? Cá entre nós, quantas vezes você, sim, você mesmo, não se faça de desentendido, se comportou dessa maneira, correndo atrás do mercado, com medo de perdê-lo. Quantas vezes comprou na hora de vender, vendeu na de comprar. Ficou long no overbought. E short no oversold. Foi urso em plena glória do touro. E touro no apogeu do urso. Fez o high do mercado, comprando. Fez o low, vendendo.
Em meus 37 anos de trader, confesso humildemente, isso aconteceu comigo inúmeras vezes. Cheguei a pensar que o mercado inteiro prestava atenção naquilo que eu fazia, para fazer exatamente o contrário. E, nessas oportunidades, ao voltar para casa à noite, sentia-me o verme dos vermes, o mais principiante dos aprendizes, o otário da multidão.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
“Ao invés de se preocupar em tentar adivinhar o futuro, se concentre em enxergar o óbvio e em reagir ao fluxo do mercado no momento especialmente quando este estiver for contra sua posição. Este é o grande passo para parar de perder. Aceitar a realidade. Quem se ilude não sobrevive no mercado.”

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Controle suas emoções: Use Stops!

Os traders internacionais de futuros, e de derivativos em geral, têm a mania de citar adágios. Para cada situação de mercado, há sempre alguém que surge com uma máxima. Entre as muitas citações das quais os profissionais se valem a todo momento, a que, em minha opinião, encerra mais sabedoria é: “Cut your losses, let your profits run”. Numa tradução livre, algo como: “Livre-se de seus prejuízos, mantenha suas posições lucrativas”. Melhor dizendo, se o mercado corre no sentido contrário ao de sua posição, pule fora. Mas, se vai na mesma direção, se abrace ao seu trade, grude-se nele como um marisco num rochedo.
Pois é, prezado trader leitor, seja touro na alta e urso na baixa. Só que o dictum, embora fácil de se recitar, é difícil de se cumprir. Exige muita disciplina.
Indo por partes, imaginemos um trader decidindo uma posição totalmente ao acaso, de maneira displicente, jogando uma moedinha para cima. Mesmo assim ele, é obvio, terá 50% de chances de acertar a tendência. Isso mesmo. Cinqüenta por cento. Quer tentar? Escolha você o mercado e jogue a moeda. Se der cara, você compra, vira touro. Se der coroa, vende, torna-se um urso. Como o mercado vai ter de se mover para algum lugar, apesar da atitude aparentemente pouco séria, suas chances de ganhar serão rigorosamente iguais às de perder.
É verdade que você irá pagar corretagens, emolumentos e, muito provavelmente, terá seu preço onerado por slippage(nome que se dá ao spread entre os preços oferecidos pelos compradores e os apregoados pelos vendedores), pois geralmente se compra um pouco mais caro e se vende um pouco mais barato do que o preço que se vê na hora da decisão.
Mesmo assim o ônus é coisa pouca. E, afinal de contas, você não é operador de moedinhas. Isso foi só um exemplo. Você entende de mercado. É sua profissão. E esse conhecimento é, no mínimo, suficiente para que possa superar a desvantagem dessas taxas e spreads.
Então, se a coisa é tão simples, por que será que às vezes torna-se tão difícil ganhar dinheiro no mercado? Se apenas na base da sorte já daria para empatar. Por que será que se precisa de estudo, experiência, perseverança, de dedicação em tempo integral?
Simples. Porque o próprio mercado nos induz ao erro. Dá sinais de que vai subir, e cai. Finge que sobe e leva um tombo. Pois ele não é feito apenas de conhecimento. Não se trata de uma ciência exata. É muito mais uma arte. Seu comportamento é regulado por emoções: ganância, medo, inveja, tentação, precipitação… Dominar esses sentimentos é o segredo de um trader bem sucedido.
Existe um outro ditado que, com outras palavras, tem o mesmo significado. Também mostra que controlar as emoções é o segredo do ofício. Refiro-me a “Don’t fall in love with your position” (“não se apaixone por sua posição”). Pois boa parte dos operadores, ao assumir um trade, se enamora dele. Os touros, via de regra, tornam-se vidrados na alta. Os ursos, na baixa. E teimosamente se mantêm na arena mesmo quando as chances de vitória só mínimas, para não dizer nenhumas.
Com os chifres quebrados, os músculos dilacerados, o touro fica esperando o urso fugir. Com as vísceras à mostra, devido a uma chifrada bem dada pelo inimigo, o urso, embora cambaleante, recusa-se a cair. Prefere sofrer seu martírio de pé. Com o perdão pelas metáforas sanguinolentas, é mais ou menos isso que acontece com a gente quando não usastop. Quando não se pula fora de uma posição que correu para o lado errado.
Sim. Nenhuma dessas desgraças ocorrerá se o trader usar sempre um stop. Se obedecer aos ditames dos dois adágios acima. Pulando fora ao primeiro prejuízo. Não se apaixonando por uma posição perdedora. E eis que me ocorre um terceiro ditado, este brasileiríssimo, e igualmente sábio: “o primeiro prejuízo é o menor”.
Batendo sempre na mesma tecla, imaginemos um método audaz (e não muito imaginoso) para se atuar no mercado. Algo como: toda vez que determinado futuro fizer um novo low (do dia, da semana, do mês, do ano, ou de todos os tempos, não importa), fica-se short. Se fizer um novo high, fica-se long. Põe-se um stop logo acima do preço de venda (no caso do urso) ou logo abaixo do preço de compra (no do touro). Podemos imediatamente inferir que muito não se irá perder. Pois ostop é curtinho, quase cirúrgico.
Mas se o mercado disparar na direção certa, iniciando um longo movimento de alta ou de baixa, que sempre começa com um novo high, ou novo low, essa operação, baseada em técnica tão simples, poderá ser o trade de sua vida. Já imaginou quem comprou ações da Microsoft nos primeiros anos da empresa, num dia em que a ação fez seu primeiro highsignificativo? Durante anos e anos esse felizardo pôde surfar na onda de novos e sucessivos highs.
Erro tão imperdoável quanto o de não ter stop é liquidar a posição prematuramente, por medo. Medo de perder o que se ganhou. Desobedecendo a segunda parte do ditado: …let your profits run. E obedecendo a um outro dictum, tão errado quanto estranho: “Lucro nunca dá prejuízo a ninguém”. Se tivesse pensado assim, Bill Gates poderia ter posto à venda sua empresa quando ganhou o primeiro bilhão.
Juntando as duas coisas, ausência de stop, e falta de perseverança no lucro, temos o exemplar típico do trader “pé trocado”, ou seja, aquele que é corajoso no prejuízo e covarde no lucro. Segura uma posição perdedora por meses a fio. Sai fora de trade vencedor no primeiro ajuste positivo.
Para não incorrer nesses erros, sugiro a você, prezado trader, que mande fazer uma plaquinha com os dizeres “Cut your losses, let your profits run” (nunca é demais repetir). Coloque-a bem à sua frente na mesa de trabalho. E nunca deixe de obedecer ao ditado, não importa o quão desgastante isso possa ser (entrar e sair, entrar e sair, até acertar).
Esse conceito de stops é tão importante que, hoje em dia, rege não só o mercado como o mundo de negócios em geral.
Há algum tempo, em entrevista à revista Veja, o brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan, considerado por muitos como o mais brilhante executivo do mundo, revelou como transformara um prejuízo de US$5,5 bilhões (balanço anual encerrado em maio de 2000) num lucro de US$2,7 bilhões (maio de 2001).
- Fechei as unidades deficitárias e mantive as produtivas – explicou singelamente.
Ou seja, Ghosn (agora celebrado como um ícone no Japão, mesmo tendo demitido 21.000 empregados da empresa que dirige) simplesmente livrou-se dos prejuízos e manteve as posições lucrativas. Soube fazer stops. E, embora ele não tenha dito isso, tenho certeza de que em sua mesa há a tal plaquinha: “Cut your losses…”
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
” Só os Traders Profissionais cortam seus prejuízos, sem medo ou hesitações quando o mercado mostra que a operação está errada. E só os Traders Profissionais zeram sua posição, para realizar os lucros,  de forma organizada e sistemática quando o mercado vai na direção do seu trade. Como comentado no artigo “Armadilhas”: Não predefinir o seu risco, não corte suas perdas, ou não realizar lucros, são três mais comuns e geralmente os mais caros erros que o trader pode fazer. Apenas os melhores eliminaram esses erros. ] “

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Um dia no pregão da BMF

Para a BM&F, 16 de abril de 2007 não foi um dia qualquer. Muito ao contrário. Nessa segunda-feira de outono, o pregão da Bolsa registrou o contrato de nº 2.000.000.000. Aproximadamente um mês antes, a Resenha BM&F me convidou para escrever um ensaio sobre esse evento tão especial.
Na ocasião do convite, ainda não era possível se prever com exatidão quando o contrato dois bilhões iria ser fechado. Mas, à medida em que o tempo foi passando, estimou-se que o “dois bi” cairia ou na sexta-feira 13 de abril ou na segunda, 16. Numa hipótese mais remota, na terça, 17.
Para alegria dos supersticiosos, logo o ritmo crescente do volume de negócios desfez a possibilidade da sexta-feira 13 e limitou as opções para segunda ou terça. Finalmente, na tarde do dia 13 se pôde estimar que o trade “dois bilhões” seria fechado entre as 11 e as 14 horas da segunda-feira 16.
Viajei para São Paulo no domingo, 15 de abril. Como os pregões viva-voz abrem às 10 da manhã, minha idéia era chegar na Bolsa às oito e meia (hora na qual são abertas as portas do recinto de negociações) de segunda-feira, para estar lá quando começassem a surgir os operadores e auxiliares de pregão. Eu queria ser o primeiro a chegar.
A segunda-feira amanheceu nublada, com temperatura de 20º. Acordei cedo, tomei café-da-manhã no hotel, peguei um táxi para a Bolsa e entrei no pregão exatamente às 8 e meia. Fui surpreendido ao ver que quase uma centena de profissionais entrou junto comigo.
Carlos Alberto Ribeiro Silva, 33 anos, casado, um filho, auxiliar de pregão, já estava na Bolsa desde às 06h40m. Ocupou o primeiro lugar na fila junto à porta de entrada. E lá ficou esperando a abertura. Não a abertura do pregão, como seria de se supor, mas a abertura das portas. A razão pela qual madrugou foi a de guardar lugar no degrau mais baixo (e mais ao centro) do pit (roda com degraus decrescentes e concêntricos) de dólar futuro para um scalper (scalpers, para os não íntimos, são os floor traders que trabalham por conta própria).
Cinco minutos depois de eu ter entrado no pregão, os melhores lugares no centro da roda de dólar já estavam ocupados. Isso, faltando hora e meia para a abertura. Alguns auxiliares penduravam, com barbantes, garrafas d’água nos corrimãos do pit, mostrando que a vigília seria longa.
No saguão de negociações (trading floor), existem três pits maiores nos quais são negociados dólar futuro, DI (taxas de juro) e Ibovespa. Em diversos pits menores, negocia-se dólar para pronta entrega (dólar pronto), café, boi gordo e outros produtos. Atualmente o pregão mais ativo é o de dólar e, em 16 de abril, o dólar mais negociado era o vencimento maio de 2007, justamente no pit onde Carlos Alberto se instalou às 08h30m, após quase duas horas de espera lá fora.
O primeiro operador a chegar no pregão foi Eduardo Andrade Santana, que todos ali conhecem como Salsicha. Eduardo, 41 anos, é casado e tem um filho. Mora em São Bernardo do Campo, de onde saiu pouco antes das sete horas. Chegou na BM&F às 07h40m. Salsicha (espero que ele permita, também a mim, a intimidade) opera dólar pronto para a corretora Renascença.
Enquanto eu aguardava a abertura do viva-voz, fiquei conversando com os profissionais, fazendo meu dever de casa para esta matéria. Aprendi que os operadores usam camisa social com gravata (sem paletó). Os auxiliares, camisa social, gravata e um colete vermelho. Já os que trabalham no mercado de dólar para pronta entrega (tanto operadores como auxiliares) usam coletes verdes. Trata-se de um produto novo (o dólar pronto) e a BM&F quer fazê-lo sobressair-se entre tantos outros ativos vestindo seus protagonistas de maneira diferente.
Em todos os pits, os operadores que trabalham para corretoras usam crachás amarelos. Os scalpers, crachás azuis.
Quando os mercados eletrônicos abriram, às 9 horas, os degraus mais baixos dos pits importantes do pregão viva-voz já estavam ocupados por auxiliares, guardando para seu traders as posições físicas mais estratégicas.
Pouco antes das 10 da manhã o enorme mostrador de um relógio luminoso digital mostrou a contagem regressiva dos segundos que faltavam para a abertura.
Cinco, quatro, três, dois, um, zero: os negócios que, até então, se faziam por computadores, passaram a ser fechados literalmente no grito, numa liturgia que existe desde o século XIII, quando operadores começaram a negociar commodities dessa maneira tão democrática quanto espalhafatosa na bolsa do condado de Bruges, hoje parte da Bélgica.
O pregão viva-voz de uma bolsa de público pregão era e continua sendo o tumulto mais organizado que existe na face da terra. Ao testemunhar sua abertura mais uma vez, lembrei-me de um texto que escrevi para meu livro Os Mercadores da Noite, lançado pela própria BM&F em 1996.
“Exatamente nessa hora, quando soava a campainha, todos pareciam enlouquecer. Aquelas mesmas pessoas, minutos antes comentando futebol, passavam a gritar e a gesticular furiosamente uns com os outros. Nenhum leigo, ali presente como visitante, compreendia como os operadores se faziam entender em meio a tais tumulto e gritaria.”
Quando redigi o texto acima, eu retratava o pregão da CBOT (Chicago Board of Trade), no qual negociei durante muitos anos. Agora, em abril de 2007, a cena e a liturgia são praticamente as mesmas no recinto de negociação da BM&F.
O operador faz a anotação da compra ou da venda e a entrega para um auxiliar. Cabe ao auxiliar do vendedor preencher o boleto e procurar o auxiliar do comprador. Este, depois de conferir as informações, rubrica o papelucho, sacramentando o negócio. O boleto, agora assinado pelas duas partes, é lançado em um escaninho que os profissionais do pregão da BM&F conhecem como tobogã, cuja bocarra engole, em média, um milhão e meio de contratos todos os dias.
Por coincidência, nesse dia em que estive no pregão, para testemunhar o contrato “dois bi”, o Ibovespa alcançou seu maior valor em todos os tempos (até então, bem entendido, pois a marca já foi superada), o risco Brasil atingiu o menor nível da história e o dólar só não bateu um recorde de baixa de seis anos porque o Banco Central interveio, comprando a moeda norte-americana no mercado futuro (através de contratos de swap).
Sete mil, setecentos e quarenta e cinco dias antes, quando a BM&F abriu suas portas pela primeira vez, ninguém jamais poderia imaginar tal cenário. Era uma época de inflação, de choques heterodoxos, uma era em que o dólar subia sempre, restando aos traders brasileiros estimar a velocidade da alta.
A BM&F não foi apenas testemunha dessa mudança. Foi um dos seus principais instrumentos, uma de suas pedras angulares.
No dia do “dois bilhões”, Devanir Aparecido Rezende (o Deva), casado, duas filhas (31 e 26 anos) era o operador mais antigo no recinto de negociações. Em sua bagagem, em seus 36 anos de estrada, foi auxiliar e operador na Bovespa, negociou boi e ouro na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (Bolsinha) e finalmente veio para a BM&F, onde está há 17 anos. Seu crachá mostra que ele trabalha para o Santander.
Marcos Tadeu, o Marcão, tem 35 anos de idade, um a menos que o Deva tem de pregão. Marcos fez o sinal da cruz quando entrou no recinto, exatamente às 09h21m. Eu perguntei por quê?
─ Para ter um bom dia de negociação.
Marcão opera para o UBS Pactual.
José Reinaldo Oliveira é um trader que consegue pensar e agir em dois planos. Enquanto conversa comigo sobre meus livros e sobre meus artigos na Resenha BM&F, vai passando os dados do pregão de Ibovespa para a mesa da Indusval.
─ Comprador a zero, zero. Vendedor a dez. Negócios a dez. Comprador a dez ─ ele recita, quase que maquinalmente, uma ladainha que me é tão familiar.
Antes de descer os degraus da roda, Marvio Sandes Cardoso, 35 anos, operador de Ibovespa e DI, faz alongamento e exercício de vibração das cordas vocais. José Roberto Tavares Longui, 37, alonga as pernas apoiando os pés no corrimão do pit.
Quem acha que controlador de vôo é uma profissão estressante devia fazer uma visita ao pregão da BM&F. Tal como nas torres dos aeroportos e centros de controle do espaço aéreo, nos pits de dólar, Ibovespa e DI momentos de calmaria se alternam com instantes da mais pura loucura. Só que, na bolsa, a tensão é muito maior. Nas horas mais críticas, os floor traders se parecem com jogadores de futebol na grande área, durante a cobrança de um escanteio no ultimo minuto do segundo tempo de um jogo empatado.
Como simples espectador do pregão, sem nenhum interesse no subir e descer das cotações, pude observar os detalhes. E que detalhes. No pit de DI, por exemplo, dois traders se digladiavam. Com comportamentos totalmente distintos. Como se a profissão de um nada tivesse a ver com a do outro. Um deles parecia um aristocrata comprando obras de arte num leilão da Sotheby’s, em Londres. Seu contendor se assemelhava a um político italiano, discursando na Camera dei Deputati, em Roma..
─ Vendo a quarenta ─ rugiu o “italiano”.
─ São meus ─ balbuciou o “fidalgo”, reforçando as palavras com um movimento quase imperceptível dos dedos da mão direita.
Questão de estilo.
O negócio 2.000.000.000 surgiu às 12h16m. Foi anunciado logo depois pelo diretor geral da BM&F, Edemir Pinto, e pelo diretor de pregão, José Carlos Branco. O anúncio foi seguido de uma chuva de papéis prateados que desceu do teto do recinto. A operação envolveu 1.000 contratos de Ibovespa, vencimento abril de 2007, a 48.720. Comprador: Amauri Simões de Almeida Junior, 40 anos, casado, um filho. Vendedor: Fernando Jorge Carneiro Filho, 38 anos, casado, duas filhas. Amauri e Fernando, é claro, não faziam a menor idéia de estar negociando o contrato dois bilhões.
Fernando acordou às sete da manhã, chegou na Bolsa às 08h30m para ler o jornal. Tomou café na lanchonete do térreo. Ao meio-dia e quinze fez uma oferta firme de três minutos dos tais mil contratos, oferta essa apregoada pelo fiscal do pit. Amauri, que também acordou às sete, chegou na BM&F às 09h30m. Sua mulher, Ana, levou-o de carro para o trabalho. Amauri estava comprando o lote que viesse, quando surgiu o “firme” de Fernando. Fechou na hora.
Amauri opera para a corretora Ágora. Fernando, para o Banco Fator.
Até o momento em que o Edemir anunciou o negócio, eu era, como já disse, apenas um frio observador dos acontecimentos. Mas, ao saber que o Fator tinha sido um dos intervenientes da operação 2.000.000.000, foi impossível não me emocionar.
Ano de 1967: acreditem ou não, eu já estava no mercado havia quase uma década. Foi quando o grupo do qual eu fazia parte decidiu fundar uma corretora. Coube a mim escolher o nome: Fator. Coube a mim ser o operador de pregão.
Na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, onde eu, extremamente nervoso, estreei no outono de 1967, tinha apenas um pit, que os jornais da época chamavam de corbeille e que nós, traders de pregão, chamávamos de roda mesmo.
Antes da estréia como floor trader no Rio, eu havia operado em mesas de câmbio e de títulos de renda fixa, tendo começado em Belo Horizonte no longínquo ano de 1958. Juscelino Kubitschek era o presidente, o Brasil foi campeão do mundo pela primeira vez e a indústria automobilística nacional ensaiava seus passos.
Voltando aos anos 1960, mais tarde a corbeille carioca se desfez e deu lugar a um amplo recinto com postos de negociação, onde operei durante o grande bull market de 1971. Continuei seguindo minha estrada, cujo percurso passou por mesas de open market e pelos mercados futuros de Chicago e Nova York. “Treidei” ao longo de 37 anos, até abandonar os números pelas letras em abril de 1995.
Em 1977 vendi minha parte na Fator para um grupo carioca. A este, sucederam-se outros grupos e a empresa que fundei em 1967 tornou-se um banco paulista. Que vendeu o lote dois bilhões.
Minha filha costuma dizer que eu não conheço História.
─ Você “viu” a História acontecer ─ ela argumenta.
Às vezes, como sucedeu no dia  16 de abril deste ano, a História me pega de surpresa. Fui fazer um ensaio jornalístico e acabei sendo envolvido por ele.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
” O pregão viva-voz acabou… mas seus ensinamentos continuam prevalecendo… a maioria dos Operadores Autônomos e dos Operadores Especiais (Scalpers) conheciam os outros operadores, por qual corretora eles operam e para quem eles operam… e essa informação era muito relevante na hora de tomada de decisão…Todos sabiam que tal operador opera pelo Bradesco e ficava ligado com o Tesoureiro… Todos sabiam que tal operador fica na Capital e ficava ligado com um estrangeiro… no Eletrônico os nomes mudaram, as pessoas mudaram mas ainda existem os ‘Marcões’ que operam pelo Pactual, os ‘Fernandos’ pela Agora… a Leitura do Fluxo de Ordens e a Leitura dos Players (Tape Reading) ainda é e sempre será muito presente e importante… habilidade esta que poucos traders conhecem ou desenvolvem…”

https://www.youtube.com/watch?v=Sinf531-L-s

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

De Broker a Trader o que mudou

Meu  interesse  pelo  mercado  de  capitais começou  cedo. Aos  16  anos  já  participava  de  alguns  IPO  (Oferta  Pública  de Ações)  e,  devido  ao momento econômico do Brasil na época fiz algumas operações bem sucedidas. Tal interesse pelo mercado financeiro chamou a atenção de um amigo, que  estava  iniciando  uma  área  de  derivativos  em uma corretora constituída há pouco tempo. Este por sua vez, convidou-me para trabalhar em sua equipe e eu já muito interessado e fascinado pelo mercado aceitei de bate pronto.
Meu primeiro dia de trabalho como profissional foi outubro de 2008, onde recém havia estourado o subprime nos EUA e assisti a dois Circuit Break na Bovespa, um com a queda de 10% e o outro de 15%.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Reminiscências

Nos trinta e sete anos (de 1958 a 1995) em que atuei como operador de mercado antes de trocar a emoção dos números pela suave e, às vezes, modorrenta mansidão das letras, tive a oportunidade de assistir a diversas mudanças no perfil dostraders brasileiros, fossem eles touros ou ursos.
Naquele, agora quase apagado na memória, final dos Anos Cinqüenta, quando a maioria dos traders de hoje sequer havia nascido, no Brasil os principais mercados eram os de ações e de câmbio. Os negócios de renda fixa se resumiam a notas promissórias emitidas por empresas privadas. Os governos, federal, estaduais e municipais, não emitiam títulos, por falta de credibilidade. No câmbio, como o dólar flutuava livremente, os traders negociavam para os importadores e exportadores. Faziam-no em mesas redondas, operando dúzias de aparelhos telefônicos pretos, movidos, acreditem, a magnetos e manivelas. Manivelas também que, juro, se moviam para frente e para trás nas máquinas de calcular.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Armadilhas

A seguir transcrevo artigo publicado no site Scalper Trader que achei muito interessante e pertinente.

Digamos que você, caro trader leitor, seja um jogador de pôquer. Não um ás das cartas, que sabe de cor as possibilidades de combinações de cada um dos jogos. Muito menos alguém que estuda a fundo as mais imperceptíveis reações dos adversários para descobrir, por um pequeno tique nervoso, como um tremor nas pálpebras, que o “inimigo” à sua frente está blefando. Não. Você não é tão bom assim. Mas também não é um otário, que, de modo asnático, vai em todas as mãos, mesmo com um mísero par de setes.
Você é um jogador mediano. Joga pôquer com os amigos, para se divertir, uma vez por semana. Quando a noite é muito ruim, você perde quinhentos reais. Se as cartas estão ótimas, você ganha isso. Quinhentos pra lá, quinhentos pra cá. Ao longo de um ano, sai no empate. Mas tem plena consciência de que, se relaxar, vai perder sistematicamente. Por isso presta atenção no jogo, só vai na rodada quando sua mão é boa, sabe carregar nas fichas quando está de posse de um bom jogo. Ah!, de vez em quando passa um blefezinho, que ninguém é de ferro.