Ciclos e Bolhas Especulativas

Estou lendo o livro " A Economia das Crises - Nouriel Roubini" aquele renomado economista que alertou a comunidade econômica antes do estouro da crise imobiliária e sub-prime nos EUA em 2008. Logo no inicio ele descreve como são as fases de uma bolha especulativa desde o seu início até o momento que ela "estoura", uma descrição muito semelhante a que foi feita em 1848 por John Stuart Mill no seu livro " Princípios de Economia Política" mostrando que as crises já eram observadas como algo inerente ao capitalismo já a muito tempo. É interessante notar que a formação e desdobramentos destes ciclos especulativos estão muito mais ligados ao comportamento humano e aspectos psicológicos do que propriamente com os fundamentos do mercado. Neste sentido, na minha forma de pensar, a análise técnica que leva em conta apenas o comportamento dos preços , que pode ser descrito como a síntese de todas as percepções dos participantes do mercado, sejam elas baseadas em fundamentos , notícias, informações, medo, esperança, ganância etc., leva vantagem sobre as analises fundamentalistas tradicionais. 

Uma descrição recente de pesquisas behaviorista revelam de que forma uma bolha especulativa pode inflar e se tornar autossustentável até estourar. A teoria é chamada de Feedback e é descrita no livro da seguinte forma " A teoria sugere que os investidoresque veem os preços subirem seguem a tendência do momento, o que faz os preços subir ainda mais - o que , por sua vez, atrai mais investidores, que inflam ainda mais a bolha. Por  fim, o mecanismo de retorno das informações leva a uma situação na qual os preços se tornam completamente independentes de qualquer base racional, subindo em espiral até perderem sustentação. Então eles desabam, criando uma "bolha negativa", na qual os preços despencam. Essas quedas podem ser igualmente irracionais, e assim como os preços podem subir além do racional, podem também cair muito abaixo do que seria justificável. A economia behaviorista identificou uma série de fatores que agravam esse tipo de mecanismo de retorno. Esses "parâmetros fundamentais de comportamento humano" incluem coisas como "viés de autoatribuição", quando os investidores de uma bolha atribuem seus lucros crescentes à própria perspicácia , e não ao fato de que eles e milhares de outros ingênuos igualmente iludidos estão participando de uma bolha especulativa. Os pesquisadores encontraram uma série de outros vieses, distorções e inclinações "irracionias" que ajudam a alimentar as bolhas especulativas bem como as curiosas justificativas que inevitavelmente as acompanham, mais notadamente a idéia de que as velhas regras de fazer negócios não mais se aplicam agora que a economia entrou numa nova era".

O ser humano por muitas vezes parece querer se enganar , e nós devemos estar atentos por que a crise pela qual estamos passando certamente não será a última.