Autor(es):
Ana Paula Ragazzi | De São Paulo
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Valor
Econômico - 16/12/2011
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No pregão do dia 24 de novembro, em que as ações da
Lupatech tiveram queda muito forte, de 26%, um integrante do conselho de
administração da companhia foi responsável por grande parte das vendas.
Desde o dia anterior, as cotações começaram a refletir a
avaliação de que a situação de caixa da Lupatech não seria suficiente para
que a companhia, fornecedora de equipamentos para indústria de petróleo,
honrasse todos os seus compromissos até o fim do ano.
Conforme divulgado pela empresa, obedecendo à Instrução 358
da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que obriga a divulgação mensal de
movimentações de compra e venda de ações por parte de diretores, conselheiros
ou acionistas de companhias abertas, dia 24 de novembro integrantes do
conselho de administração da companhia venderam 1,99 milhão de ações da
empresa, ao preço médio de R$ 3,92, movimentando R$ 7,837 milhões. A operação
foi intermediada pelo JP Morgan. Naquele dia, a ação fechou cotada a R$ 3,45.
No mercado, a venda é atribuída, ainda que indiretamente,
ao fundador da Lupatech, Nestor Perini, que atualmente é o presidente do
conselho de administração da empresa.
Perini, por meio da holding Lupapar, contraiu um
empréstimo com o banco JP Morgan. As quedas recentes das ações na bolsa
levaram o papel a um preço que acionou um gatilho previsto nos termos do
contrato fechado entre ambos que disparou, automaticamente, o direito de o JP
Morgan vender as ações. No pregão anterior, as cotações da Lupatech já haviam
caído 19,6%. Por essa razão, toda a venda foi disparada naquela sessão.
O giro médio das ações da Lupatech, em 2011, é de R$ 2,7
milhões - apenas o lote vendido naquele dia movimentou quase três vezes este
montante. No pregão do dia 24, feriado de Ação de Graças no Estados Unidos, o
que costuma reduzir a liquidez das bolsas, a Lupatech negociou R$ 27,7
milhões, o dobro do girado no dia anterior. Durante a sessão, a empresa teve
6.398 negócios fechados contra uma média histórica de 320 ao dia.
A quantidade de ações negociadas no dia 24 equivale a 4%
do capital da companhia. Os últimos dados divulgados pela empresa sobre a
fatia da Lupapar são de 6 de setembro e informam uma participação de 25%, que
se reduziu para 21% após a venda.
A Lupapar abriga ainda as ações de Luis Fernando e Paulo
Henrique Perini.
Procurada pelo Valor, a Lupatech não atendeu ao pedido de
entrevista.
O acompanhamento da venda das ações por parte de pessoas
que fazem parte da companhia é um dado monitorado constantemente pelo
mercado. Se os executivos compram a ação, a primeira interpretação, salvo
condições especiais, é de confiança no negócio. Se vendem, o mercado tende a
questionar as razões da medida.
Desde o fim de novembro, a empresa tem sofrido
questionamentos sobre a sua solvência.
O Valor informou ontem que a empresa vai pedir o
"perdão" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para o descumprimento das cláusulas de endividamento da sua segunda
emissão de títulos privados. E não vai oferecer nada em troca da dispensa.
A proposta será levada pela companhia para assembleia de
debenturistas marcada para o dia 29 de dezembro.
Cerca de 90% das debêntures são detidas pelo BNDES,
terceiro maior acionista da empresa, com 11,5% do capital.
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Venda de ações do fundador amplia queda de Lupatech
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