segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Direct Edge chega para desafiar BM&F


Direct Edge chega para desafiar BM&F
Autor(es): Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo
Valor Econômico - 21/11/2011


Uma novo concorrente estrangeiro tem planos de quebrar a hegemonia da BM&FBovespa no mercado brasileiro de negociação de ações. Após a Bats Global Markets anunciar no início deste ano a intenção de atuar no país, a Direct Edge, responsável por 10% do volume de ações negociado no mercado americano, oficializa nesta segunda-feira os planos de criar uma bolsa alternativa no Brasil.
O objetivo da companhia é dar início às operações no quarto trimestre de 2012, após obter todas as aprovações regulatórias, disse ao Valor, por telefone, o presidente da Direct Edge, William O"Brien. A unidade brasileira, que terá sede no Rio de Janeiro, deve ser a primeira fora dos Estados Unidos. A empresa vem estudando o mercado nacional há um ano e meio, segundo o executivo.
Criada em 1998 como uma plataforma de negociação, a Direct Edge começou a atuar como companhia independente em 2007 e, no ano passado, obteve aprovação da SEC (a comissão de valores mobiliários americana) para operar como bolsa de valores. Entre os sócios da empresa estão pesos-pesados do setor financeiro, como o Goldman Sachs e o J.P. Morgan, além de International Securities Exchange, Knight Capital e Citadel Derivatives Group.
De acordo com O"Brien, a Direct Edge negocia diariamente em torno de US$ 27 bilhões, o que representa mais de seis vezes o volume médio da BM&FBovespa. Apesar das cifras menores, o executivo vê potencial local. "Enxergamos uma grande oportunidade no Brasil, que possui uma comunidade financeira sofisticada e uma estrutura regulatória que permite a entrada de um competidor", diz.
A chegada de concorrentes provoca reação da BM&FBovespa. Na semana passada, em entrevista ao Valor, seu presidente, Edemir Pinto, qualificou os concorrentes como "oportunistas", dispostos apenas a "beliscar" um pedaço do mercado e depois ir embora.
Ao contrário do Brasil, onde a BM&FBovespa é a única instituição autorizada a atuar como bolsa, o mercado americano é altamente fragmentado. Além das bolsas autorizadas a funcionar, algumas corretoras desenvolveram sistemas próprios de negociação.
A principal barreira de entrada para plataformas concorrentes de negociação no país é a falta de alternativas para os sistemas de liquidação (clearing) e custódia de ativos. A bolsa brasileira, que possui a CBLC, trabalha com um sistema integrado, e não abre mão da exclusividade nesse serviço.
Edemir Pinto contou que foi sondado pela Direct Edge, mas descartou uma possível parceria. O"Brien confirma o encontro, mas diz que a recusa da bolsa não abalou os planos para o país. "Estamos em busca de alternativas para a clearing, que esperamos anunciar em breve", afirma.
Ao se instalar no Brasil, a Direct Edge está de olho não apenas no mercado da BM&FBovespa como também das operações que hoje são realizadas no exterior, via American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações, na sigla em inglês). "Acreditamos que podemos atrair para o Brasil parte dos negócios que hoje são feitos em Nova York", afirma.
Por enquanto, ainda não há planos para uma equipe local de direção da Direct Edge. A companhia avalia ainda a possibilidade de atuar com um parceiro local, nos moldes da Bats, que se uniu à gestora de recursos Claritas. O escritório de advocacia Demarest e Almeida Advogados é o assessor legal da companhia no país. O lançamento oficial da Direct Edge Brazil acontece em evento marcado para o próximo dia 29, no Rio. (Colaborou Daniele Camba)

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