quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ata do Fed - Primeiro Sinal de Alerta!!

 Nos últimos meses todos os mercados ao redor do mundo ficam extremamente atentos à ata do FOMC - A reunião do comite do Banco Central Americano.  Hoje foi um dia destes. E parece que o primeiro sinal de alerta para o que pode vir pela frente no nosso mercado foi dado hoje.
As ações recuaram logo apó o FED confirmar que vai encerrar o programa de compra de ativos em meio a sinais de fortalecimento da economia Americana. O SP500 caiu 0,8% após o anúncio e as notas do Tesouro Americano de 10 anos ( titulos públicos) aumentaram 3 pontos base  para 2,32 %. Ao mesmo tempo o ïndice Dólar no mercado americano saltou 0,6% zerando perdas anteriores.   O Fed manteve o compromisso de manter as taxas de juros baixas por um "tempo considerável". A decisão do Fed é uma indicação forte de que a economia americana continua a mover-se em um ritmo robusto. 
"O programa de liquidez iniciado pelo Fed na crise do sub-prime , tem sido um importante estimulo para o mercado, e os investidores terão agora de se ajustar ao novo ambiente"  foi o que afirmou Chad Morganlander , executivo da filial de St Louis da Stifel Nicolaus & Co , que tem mais de U$ 160 Bi em ativos gerenciados fora dos EUA.
E o que isso significa para nós, brasileiros?
Bom hoje foi claro a mudança de tendência no dólar a partir do momento da divulgação deste relatório saindo de quse 1,50% de queda para fechar praticamente no zero a zero, a bolsa por sua vez depois de forte alta ontem fechou em queda de -2,45%.
A cada sinalização do Fed de que poderá iniciar a retirada da liquidez dos mercados, é esse o movimento que podemos esperar. A partir do momento que a taxa de juros americana aumentar o mais provavel é que vejamos uma saída expressiva de dólares do nosso mercado rumo aos Estados Unidos o que certamente vai pressionar as cotações do dólar e das nossas taxas de juros. Sem dúvida todos estarão atentos às próximas reuniões. 

























baseado em reportagem da Bloomberg : http://www.bloomberg.com/news/2014-10-28/u-s-futures-slip-before-fed-as-n-z-stocks-rise-with-oil.html

Um Trader Inesquecível

A morte do banqueiro Edmond Safra, ocorrida no final do ano passado (1999), trouxe-me recordações que remontam aos meus primeiros anos de mercado financeiro. Hoje, ao compartilhar essas lembranças com os leitores desta coluna, faço dela minha homenagem ao notável homem que se foi. A um trader inesquecível.
Em 1966 eu era estudante da New York University, cumprindo um curso especial de Mercado de Capitais, na Graduate School of Business Administration. Quase ao final do ano, o orientador de nossa turma determinou que cada estudante escolhesse uma instituição financeira e entrevistasse um dos seus principais executivos.
Para minha grande sorte, escolhi o Republic National Bank of New York, não por se tratar de uma instituição importante (o banco fora fundado naquele ano) mas porque o então Ministro do Planejamento, Roberto Campos, era amigo de Edmond Safra, proprietário do banco (um judeu sefardita que iniciara no Brasil sua trajetória de negócios bancários, em 1956). E eu tinha um bom contato com o ministro Campos, já que meu pai era secretário-geral de seu ministério.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O gráfico mais importante do mundo - Os mercados baixistas não acontecem por acaso.

Quando o economista chefe da Gluskin Sheff uma grande Asset Canadense , foi perguntado sobre a possibilidade de um Bear Market para os próximos meses no mercado americano , a resposta dele foi exatamente essa , "Os mercados baixistas não acontecem por acaso , eles são gerados por dois fatores , aperto monetário e ações do Fed - O banco central americano".  Neste artigo ele fala brevemente destes dois fatores e mostra qual ele considera ser o gráfico mais importante do mundo.  
Vale a pena ler e analisar.

O pescador de Lagostas

Por: Ivan Sant´Anna 

Imaginemos um pescador de lagostas. Não desses tradicionais, de barcos lagosteiros ou de jangadas. Não. Nsso pescador é low profile. Mora próximo de uma ponte que atravessa um braço de mar. Braço que, para sorte de nosso herói, é rota de lagostas migratórias.


     Pois bem, o pescador desta historinha limita-se a, do alto da ponte, fazer descer e subir, presa numa corda, uma gaiola, em cujo interior um pedaço de carne serve de isca. Como a água é cristalina, da ponte ele pode observar a movimentação das lagostas. Das quatro faces laterais da gaiola, uma delas é móvel. Pode ser levantada, pelo pescador lá de cima, que, para puxá-la, usa uma segunda cordinha, permitindo assim a entrada das lagostas. Infelizmente, quando essa face móvel está levantada, as lagostas que já estão dentro da gaiola podem sair também.

     Certa tardinha, ao chegar na ponte, o pescador observa, excitado, que uma fileira indiana de lagostas graúdas está cruzando o braço de mar. Se você, leitor, não sabe, é bom avisa-lo de que lagostas são desconfiadíssimas.

     Mesmo tendo baixado a gaiola bem devagar, e com muito cuidado, assim que o objeto estranho chega ao mar, desmancha-se a procissão, instaura-se o pânico e não fica uma lagosta sequer debaixo da ponte. Mas o pescador não se surpreende. Já contava com a debandada, que sempre acontece. Resta-lhe agora deixar a gaiola quietinha, pousada no fundo arenoso. Logo o fluxo de lagostas se restabelecerá. E agora elas terão de passar ao lado de um suculento pedaço de carne. Ele puxa a cordinha menor e um dos lados da gaiola sobe. E passa a aguardar.

     Vinte minutos depois, reinicia-se a migração. E logo uma das lagostas interrompe sua marcha e, não sem antes dar algumas olhadas suspeitosas para os lados, entra na gaiola. Segue-se outra, mais outra e ainda uma outra. De vez em quando, alguma sai. Mas a tendência continua de alta e o número vai aumentando. Lá de cima, o pescador comemora cada lagosta que entra, lamenta cada uma que sai. Então resolve fixar uma meta aleatória: 20. Vinte lagostas. Quando 20 lagostas estiverem dentro da gaiola, ele, com uma largada rápida, baixará o alçapão e dará por encerrada a pescaria.

     Embora oscile bastante, o "mercado" é nitidamente de alta: 13 lagostas, 14, 15, 13, 16, 17, queda rápida para 14 (realização de lucros) e, logo, novo high: 18 lagostas. Então começa a cair: 17, 15, 13, 9 lagostas. Recriminando-se por ter sido tão ganancioso, nosso trader, ooops, nosso pescador baixa a meta para 18. Com 18 lagostas, alçapão para baixo, lucro no bolso. Mas, para seu desespero, saem quatro de uma vez. São agora apenas cinco. Sim, cinco míseras lagostas, isso para quem já teve 18. Mas o mercado melhora, e, num piscar de olhos, o estoque dobra para oito. E o pescador baixa sua meta de 18 para 16. Dezesseis que, infelizmente, não se materializam. Pior, a noite está chegando; a isca, acabando. Arrasado, o pescador sobe a gaiola com quatro lagostas. Quatro, não. Três. Pois baixou o alçapão devagar demais e uma delas conseguiu escapulir.

     Por que será que ele fixou como meta 20 lagostas ? Esse número tem algo a ver com o fluxo migratório sob a ponte ? Com o espaço da gaiola ? Com o tamanho da isca ? Com alguma série histórica ? Não. Nada disso. Vinte era apenas um número redondo, sem nenhuma base técnica ou fundamental. Vinte era apenas o mercado "dele", não o de lagostas.

     Quantas vezes, eu e você, caro trade leitor, fazemos isso. Fixamos metas sem sentido, e baseadas apenas em números redondos, para o nosso trade, do tipo "zerar o short de dólares quando chegar a dois", "vender Ibovespa quando bater 35.000". E o 18, do pescador, era mais burro ainda. Pois, se o mercado voltasse a 18, era melhor pôr um stop a 16 do que liquidar num high passado, o que nada tem a ver com eventual high futuro.

     Um dos maiores erros de um trader é se basear no "seu mercado", como se este tivesse alguma importância. E é evidente que não tem. Importante é a resultante dos erros, dos acertos, dos equilíbrios, dos desequilíbrios, da coragem, do medo, da ganância, de todos os touros e ursos envolvidos na luta. O mercado é a soma de tudo isso, lição que as cotações nos ensinam todos os dias.

     O mercado, acho que já falei sobre isso, é como um concurso de misse. Não tem a menor importância aquela que achamos mais bonita ou mais gost... ou mais curvilínea. O que vale é a candidata que a maioria dos jurados prefere. Pois é esta última que irá ganhar. O mercado é um campeonato de pontos corridos, e não um torneio mata-mata. É preciso administrá-lo, a cada rodada, a cada feito, e a cada gol do adversário, a cada nuança de um jogo. O ponto de compra de um touro é o preço daquele momento. O preço de venda de um urso é a cotação que está lá na tela. É em cada um desses momentos que um trade deve ser avaliado. E não post mortem. Somos traders de futuros ou, no máximo, de presente, jamais de passado. Este só nos deve ensinar a não repetir os mesmos erros.

(Fonte: Resenha BM&F, n 165)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Jogo de Palavras

De alguns anos para cá o Federal Open Market Committee (FOMC) do FED passou a usar a figura do bias (tendência, propensão, predisposição), quando decide expressar-se sobre taxas de juros. E o Banco Central do Brasil traduziu – de maneira também correta, saliente-se en passant – a expressão para viés. Desde a crise cambial do ano passado, o BC passou a usar o instrumento (viés) com o mesmo objetivo do FED, ou seja, o de fazer política mone-tária com palavras. Que é uma maneira não raro mais eficiente, quase sempre menos arriscada e, sem sombra de dúvidas, muito mais elegante do que fazê com números.
As autoridades monetárias usam o bias (ou viés) como se disses-sem: “não elevei (ou não reduzi) as taxas de juros porque não quis, mas vou elevá-las (ou reduzi-las) quando bem entender, sem prévia satisfação”. Algo como um árbitro de futebol que, para acalmar os ânimos exaltados dos atletas, em vez de sacar o cartão vermelho, ou mesmo o amarelo, chama ao centro do gramado ambos os capitães e lhes faz uma advertência: “Escutem aqui, vocês dois, avisem aos seus jogadores que, o primeiro que der um pontapé, eu vou mandar pro chuveiro.”. Como poderia dizer, se quisesse ser mais elegante (coisa que, diga-se a bem da exatidão, em futebol, definitivamente não daria certo): “Meu viés agora é o de expulsão.”
Quem conhece futebol, ou mercado de capitais, sabe que as pala-vras têm o mesmo efeito inibidor, para não dizer coercitivo, que os atos, se pronunciadas na hora e na dosagem certa.
Quando o chairman do FED, Alan Greenspan, sobe a Colina do Capitólio e diz, num depoimento formal à Comissão de Economia do Senado, que o mercado de ações está passando por uma fase de “exuberância irracional” ele quis dizer: “Escutem aqui, vocês (não vocês, senadores, é óbvio, mas vocês, yuppies de Wall Street – que por sinal acompanham os depoimentos do chairman como se fossem thrillers de Alfred Hitchcock), se o Nasdaq ou o Dow fizerem um novo high, eu descarrilo o trem da alegria.”
Na Europa e no Japão ocorre a mesma coisa.
Antes do advento do Euro, por exemplo, na época em que o Bundesbank dava as cartas na política monetária alemã (coisa que, em termos práticos, significava dar as cartas na política monetária de toda a Europa Ocidental), alguns dias antes dos encontros bimestrais do board do banco a imprensa era informada se haveria ou não um press release após a reunião. O mercado sabia que, se houvesse o release, era sinal de que as taxas de juros poderiam ser alteradas. Se não houvesse, isso significava que uma mudança (nas taxas) estava fora de questão.
Poucas não foram as vezes em que o Bundesbank limitou-se a usar o anúncio do press release para fazer política monetária, para debelar tênues, e ainda embrionários, focos de inflação ou até mesmo para fazer sossegar um sindicato que ameaçava uma greve por aumento de salários (sim, o Bundesbank metia o bedelho em tudo que pudesse gerar inflação, inclusive nas negociações salariais entre patrões e empregados). O jogo de cena (a ameaça do sim, quem sabe, talvez, depende, pode ser) funcionava como o bias (viés) dos dias de hoje.
Autoridade monetária, sempre que pode, prefere palavras a atos.
Às vezes me descubro fazendo conjeturas sobre quanto tempo Gre-enspan rolou na cama, na noite anterior ao citado depoimento à Comissão de Economia, pensando no que iria dizer aos senadores (de olho em Wall Street), para deter a alta da bolsa. No quanto não deve ter estudado a combinação do substantivo “exuberância” com o adjetivo “irracional”. “Se dissesse “exagero imprudente”, o mercado poderia não se impressionar. Se usasse a expressão, digamos…, “loucura suicida”, teria apavorado Wall Street e, muito provavelmente, causado um crash. Não. Tinha mesmo de ser “exuberância irracional”. Era a dose certa. Donde se pode extrair a ilação de que a semântica é de capital importância nessas ocasiões.
Procure reparar, caro trader leitor, que, mesmo quando o FED decide passar das palavras à ação e aumentar os juros, os membros do FOMC se limitam a informar “Decidimos exercer ligeira pressão sobre as reservas”, o que todo mundo imediatamente traduz por “Decidimos elevar as taxas de juros em 0,25% ao ano”. Quando dizem “Decidimos exercer pressão sobre as reservas”, sem o “ligeira”, pode-se escrever que a alta dos juros será de 0,50%. Se um dia disserem “Decidimos pressionar drasticamente…”. Bem, esqueça, leitor, nem é bom pensar nisso.
Quando nos lembramos de que, não há muito tempo, política mone-tária, nesta sofrida Banda Sul, não raro significava expurgos, tablitas, e até confiscos, na há como não se louvar essa fase de vieses e alertas de intenções. De quem sabe, talvez, pode ser.
Não deve ser outra a razão pela qual o Brasil (depois que passou a respeitar sua moeda) vem atraindo tantos investimentos externos. Porque política (assim como autoridade) monetária é coisa muito séria. Mesmo quando seu executor se manifesta, quase que de mansinho, através de elaboradas filigranas lingüísticas e sobrepõe sutis palavras ao garrote dos números.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
“O mercado segue a máxima… “Sobe no boato e caí no fato”… As palavras tem o poder do fluxo principalmente quando proferida pela pessoa certa, na hora certa e tom certo… Conhecer os principais Banco Centrais e seus atuais presidentes se faz necessário uma vez que você pode ver uma notícia impactar drasticamente o mercado e não saber o porquê desse movimento. Algumas vezes essas notícias são inesperadas mas em sua maioria são esperadas por todo mercado.”

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

CPI, Trade Deficit, Unemployment… Qual é o número da moda?

Nos últimos anos, com a estabilidade monetária, e com a integração dos mercados brasileiros aos símiles da banda rica, nossos traders passaram a acompanhar, e recitar com intimidade, o rosário de estatísticas que Washington divulga, religiosamente, em dias e horas que se pode anotar na agenda com a antecedência que se quiser. O desemprego de dezembro de 2002? Pode anotar: sai na sexta-feira, dia 7 de fevereiro de 2003, às 8:30 da manhã, hora de Washington, 11:30 da manhã, hora de Brasília, se não anteciparem o fim do horário de verão. Pois aqui, nunca se sabe.
Bem, mas qual das estatísticas é a mais importante? A do desemprego? A do início de construção de casas? O índice de preços dos produtores? As vendas de automóveis?
É possível que seja o déficit da balança comercial – o certo seria dizer-se resultado, e não déficit, mas como nem eu nem ninguém se lembra de alguma época em que os Estados Unidos tiveram superávit (iriam colocar o superávit aonde?) a estatística é sempre citada como sendo déficit. Bem, não tergiversando, qual delas?
Varia. Varia de acordo com a época. E com a moda. Melhor dizendo: a época faz o número, e a moda o mantém por algum tempo. Até que surge uma outra época, novos fundamentos, e com eles um novo número, digamos, de estimação.
No período inflacionário dos anos setenta, época da cri-se energética, o mercado olhava quase que tão somente para o CPI (índice de preços ao consumidor) e PPI (índice de preços dos produtores), fortemente influenciados pela cotação ascendente do petróleo. Quando os números da inflação vinham acima do esperado, as ações e os títulos do Tesouro despencavam; os metais (ouro e prata eram a sensação daqueles tempos) e as commodities agrícolas subiam. Sucederam-se alguns bull markets memoráveis, e jamais repetidos na mesma intensidade, como o do açúcar (1974), do cacau (1977), da soja (1973), do café (1977) e, obviamente, do petróleo (em Roterdã, pois ainda não havia o futuro da Nymex), além dos já citados metais preciosos. Embora houvesse fundamentos de oferta e demanda sustentando cada um desses mercados, nos dias do CPI e do PPI é que eles se moviam para valer. Uma festa para os touros.
Quando assumiu o posto de chairman do Fed, em 1979, Paul Volcker, antecessor de Alan Greenspan, acabou com a farra do boi, estrangulando a base monetária e, com ela, a inflação. O mercado desviou suas atenções para os números do Money supply, divulgados (como são até hoje) às quintas-feiras, logo após o fechamento da Bolsa de Valores de Nova York.
Os traders passaram a se interessar por Money supply, M1, M2, essas coisas. Foi a bola da vez. A moda.
Inflação controlada, dinheiro escasso, juros reais al-tos, bolsas de valores em baixa, commodities no CTI. Iniciou-se o bull market do dólar, alimentado às quintas-feiras pelos números da base monetária, que os traders examinavam com lentes de microscópio.
Dólar alto, conseqüência: agravamento do déficit comer-cial (não nos esqueçamos que eles jamais têm superávit). E o mercado passou a ser a “loteria do déficit”, segundo palavras de um analista que, numa madrugada invernal de Chicago (devido ao fuso horário, o número sai às sete e meia da manhã no Meio-oeste) queixou-se a mim, roendo as unhas e rangendo os dentes, de que nada adiantava analisar os fundamentos de cada mercado, se tudo era resolvido no dia da divulgação da balança…, perdão, do déficit.
Veio o colapso do dólar; a balança melhorou. E o mercado a esqueceu por um bom tempo. Passou a cuidar de desemprego (que mais tarde tornou-se pleno emprego). Explicitando: passou a cuidar de Civilian Non Farm Payroll Jobs, palavrão divulgado nas manhãs das primeiras sextas-feiras de cada mês, e que, em português mais do que arrevesado, significa algo como “Empregos civis não agrícolas relacionados em folhas de pagamento”. Que tornou-se o número da moda do milagre americano.
Nestes tempos de globalização, onde da coxia se espreita um novo milênio, o mercado encontra-se em mutação. Tudo indica que vem moda por aí. Pode ser o retorno da loteria do déficit (que anda registrando novos recordes, em função da recessão asiática). Pode ser algo diferente. Pois os traders são dados a modismos, e o cardápio, farto: Housing Starts, Durable Goods Orders, Consumer Confidence, Building Permits, Retail Sales, etc, etc, etc, que Washington divulgará pelo novo milênio a dentro. Sempre no dia e hora aprazada.
Nós, ao sul do equador, enquanto partilhamos dos folgue-dos dos novos tempos, não devemos nos esquecer, batendo na madeira, que, durante décadas, tivemos apenas uma moda, um número, uma estatística, vestimos não mais que o abadá e os paetês da inflação. Obscenos em seu brilho traiçoeiro, mascarados em moedas de proveta, indexadores escamoteáveis, tablitas de ocasião…
Produção industrial, Empregos civis não agrícolas relacionados em folhas de pagamento (urgh!), Vendas a Varejo, Vendas de automóveis, Ordens de bens duráveis, Construção de imóveis, que venham as nossas modas…
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
“Muito nos perguntam: – Porque opera notícias?Nós operamos notícias pois partimos do pressuposto de que as variáveis que compõem o fluxo de ordem explicam preços. Os Indicadores Econômicos e os Breaking News tem potencial para gerar fluxo de ordens, sendo assim a liberação dessa notícia tem grandes possibilidades de volatilidade e dinheiro disponível para quem sabe operar no Day Trade. – Mas vocês interpretam as notícias ou o impacto nos fundamentos? Não interpretamos a notícia nós apenas reagimos ao fluxo de ordens gerado no momento.”

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Astuto Imbecille

Seria lógico definir os super traders como sendo aqueles que têm a todo momento opiniões próprias, sempre alicerçadas na mais profunda convicção. Por outro lado, operadores medianos (para não dizer ‘medíocres’) seriam os que seguem a opinião dos outros, apenas mais um búfalo da manada. Certo?
Errado. O verdadeiro trader é aquele que sabe não ser coerente, que muda de opinião, que descobre, cedo o bastante, que suas análises e estratégias estavam erradas.  Se errar é humano, e inevitável, no universo do mercado financeiro corrigir o erro, revertendo-o em acerto, é fundamental.
- Bem, reconheço que ontem à noite eu disse que o negócio era comprar mas, honestamente, acho que o mercado vai cair — admite o “espada”, simulando estar envergonhado. Isso, é lógico, após ter revertido sua posição. “Errei”, “mudei”, é o segredo do negócio. As simple as that!
Alguns livros de auto-ajuda e sites de bobagens que inundam a internet têm o hábito de afirmar que se você quer alguma coisa com enorme empenho e força de vontade ela inevitavelmente vai acontecer. “Pode ser”, eu desdenho, descrente. E pago pra ver. Ou, quem sabe, isso é verdade em algumas áreas de atividade. Mas, no nosso mercado, eu garanto: Em meio à dança das cotações, querer ou não querer, individualmente, não faz a menor diferença. O mercado obedece àquilo que a maioria quer ou pensa — e a maioria é movida por ambição e medo —, mesmo que o opositor dessa corrente ou tendência tenha a tenacidade de um triatleta. O mercado não é como um rio, que segue sempre na mesma direção. Muito menos como o mar, que vai e volta no ritmo da maré.
O mercado é rebelde, ingovernável, maquiavélico, cruel. É mais fácil prever os fatos observando o mercado, do que prever o mercado observando os fatos. Quando os preços não obedecem aos fundamentos, siga os preços. Estes, com raras exceções — o 11 de setembro é uma delas —, surgem à tona antes dos fatos.
Já que o assunto é cópia, despersonalização meritória, acho importante confessar que tirei o tema deste artigo ontem à tarde, quando eu voava entre Porto Alegre, onde fui fazer uma palestra, e o Rio de Janeiro, lendo A Consciência de Zeno (La coscienza di Zeno) do genial escritor italiano Italo Svevo (1861-1928).
No capitulo sete, intitulado História de uma sociedade comercial, Svevo assim descreve o personagem Guido:
O principal defeito de Guido era uma estranha avareza, ele que fora dos negócios se mostrava tão generoso. Quando um negócio se revelava bom, liquidava-o apressadamente, ávido de realizar o pequeno lucro daí provindo. Quando, ao contrario, se encontrava num negócio desfavorável, só decidia o momento de sair quando os efeitos já abalavam o seu patrimônio. Por isso creio que os seus prejuízos sempre foram relevantes e mínimos os seus lucros. As qualidades de um comerciante não são mais do que as conseqüências de todo o seu organismo, da ponta dos cabelos às unhas dos pés. A Guido se aplicaria perfeitamente uma expressão dos gregos: “astuto imbecil”. Verdadeiramente astuto, mas um autêntico palerma. - veramente astuto, ma anche veramente uno scimunito - Era cheio de umas astúcias que só serviam para lubrificar o plano inclinado sobre o qual deslizava cada vez mais para baixo.”
Italo Svevo não foi um qualquer. Basta dizer que seus textos eram lidos, e revisados, ainda em manuscrito, pelo irlandês James Joyce, por muitos considerados como o maior escritor de língua inglesa dos tempos modernos. Joyce ajudou Svevo a traduzir A Consciência de Zeno para o inglês e o francês.             Quem sabe algum trader do mercado americano de ações leu o livro, publicado em 1923, e, tirando lições — sobre o que não se deve fazer — do personagem Guido, usufruiu, como touro, a alta dos Anos Vinte e, depois, vestindo a pele do urso, surfou na gigantesca onda da baixa ao longo da Grande Depressão.
É bem possível que o ambiente no qual Svevo viveu o tenha ajudado a ver as coisas sempre com pluralidade. Trieste, por exemplo, sua cidade de nascimento e de criação, alternou-se politicamente, ora pertencendo ao Império Austro-húngaro, ora à Itália, ora sendo um estado autônomo. A mãe de Italo era judia. O pai, um comerciante de vidros cristão.
Depois de seguir, ao longo de 35 anos, os preceitos da religião judaica, Svevo se converteu ao catolicismo. Seu verdadeiro nome era Aron Hector Schmitz, que ele mudou para Ettore Schmitz, mas assinou seus livros com o pseudônimo de Italo Svevo.  Antes de ser escritor, ele trabalhou no mercado financeiro, como trader do Union Bank de Viena.
Dual, plural, advogado do diabo, espírito de porco, do contra, tudo isso um verdadeiro Trader, com “T” em caixa-alta, tem de ser. Por outro lado, jamais — e isso é uma das regras básicas de sucesso na profissão — poderá envolver-se emocionalmente com sua posição. Seu preço de compra, ou de venda, é aquele que o mercado exibe naquele momento. Seu objetivo, sair quando o mercado virou. Sempre e humildemente operando no rastro da manada.
Por Ivan Sant’Anna
Comentário Scalper Trader:
” Para sobreviver no mercado seguimos dois preceitos muito importantes: Adaptação e Correção de Erros. Quem não se adapta o mercado engole… Hoje seu trade está funcionando e amanhã não mais… O mercado está mudando muito rápido, está muito dinâmico… É preciso se reinventar todo dia… Porém a única forma de fazer isso é através da análise dos trades e da auto-análise… Foque nos trades bons e elimine os trades ruins… Não deixe o emocional impactar esses trades… Seja frio e calculista… Esse é o caminho da consistência… ”